Meditar faz parte da higiene mental de qualquer pessoa,
tanto mais necessária quanto maior é a quantidade de solicitações mentais a que
está sujeita.
Explicam os taoistas há milhares de anos que a vida é uma
dança entre dois polos, opostos mas complementares, que se sucedem harmoniosa e
infinitamente um ao outro. Cada um deles tem em si a génese do outro e nele se
transforma. É impossível a vida só com um e a prevalência de um sobre o outro
provoca desequilíbrios.
A ilustração é bem simples e explica toda a vida. É o preto
e o branco, o frio e o quente, a noite e o dia, a mulher e o homem, o descanso
e a actividade, o Yin e o Yang.
Precisamos de descansar e de agir. A mente precisa de
silêncio e de actividade.
O frenesim dos tempos modernos direcciona-nos para
actividade permanente. É difícil parar. É preciso um enorme esforço para
conseguirmos parar, mas é obrigatório se queremos continuar vivos; parar um
pouco mais tempo ainda se queremos ter saúde, ainda um pouco mais se queremos ter
algum discernimento mental e ainda um pouco mais se queremos ser felizes.
A meditação é um meio de ajudarmos a mente a ter
descanso, tal como o ginásio nas cidades é uma forma simples de dar actividade
física ao corpo e o chuveiro o sítio ideal para retirar a sujidade do corpo.
Parar por 10 minutos, 15, meia-hora para ficar
simplesmente no aqui e agora. Simplesmente a notar o ar a entrar pelo nariz,
passar pela garganta, peito, barriga, baixo-ventre e sair em sentido contrário.
Ficar assim nestas férias momentâneas, dando total descanso ao cérebro. Nada
para fazer. Só notar a respiração.
- Impossível, não sou capaz de não pensar em nada – é uma
das afirmações mais comuns. É mesmo esse facto que mais urge a que seja
necessário meditar para treinar diminuir os pensamentos.
É mesmo muito difícil não pensar em nada. Não é esse o
objectivo. O objectivo é mesmo treinar ficar no aqui e agora. Com a atenção
deliberadamente focada num ponto, a respiração por exemplo, e sempre que noto que
a atenção fugiu, sorrio de compaixão por mim própria e volto à respiração. Fugiu
de novo, volto; voltou a fugiu e volto novamente. Não tenho onde ir, não tenho
onde chegar, só estar aqui e agora, no momento presente, com a respiração,
comigo.
De vez em quando dar-me mais tempo em que posso sobretudo
andar em estado meditativo, ou seja, em que posso andar sentido quem sou. Telefone
desligado, passeio na natureza em silêncio, só ou com alguém igualmente
silencioso.
No início pode ser assustador essa coisa de ficar comigo (!!!)
mas com o tempo isso passa, afinal eu sou mesmo a única pessoa com quem estou
obrigada a viver a vida toda: se calhar é boa ideia conhecer-me, aceitar-me e
fazer as pazes comigo para poder viver em amor.
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