O meu apelo à reflexão neste 25 de Abril de 2020
Um dia perguntaram-me pelo que daria a vida, respondi “Pelo meu filho e pela liberdade”. Hoje vejo as pessoas darem a liberdade pela vida (ou pela pressuposta vida, pois quase ninguém morre do motivo pelo qual a liberdade foi hipotecada, com excepção das pessoas que estão avançadas no processo de morrer quando são contagiadas, com destaque também para a idade que já pouco deve à vida).
Faz parte da minha história ser contra-corrente, o patinho-feio, a ovelha negra. E mais uma vez estou aí. Tenho orgulho estar aí, mas também sinto muita tristeza pelo nível de retrocesso de valores humanos em tão pouco tempo, valores esses que no Ocidente levaram vários séculos a serem alcançados, custaram milhões de vidas e um imenso sofrimento.
De repente populações que viviam sob a ideia de Liberdade e que até têm conseguido várias conquistas nas últimas décadas e talvez em especial nos últimos anos, viram-se impedidas de serem livres e, incrivelmente, e aparentemente, foram as próprias pessoas, não todas claro, que pediram para serem prisioneiras e para prenderem os outros.
Instigadas pela Comunicação Social, que não sei a mando de quem age, se da concorrência e da necessidade de fazer dinheiro, se com ordens expressas dos seus donos, que afinal são grupos económicos que visam o lucro.
Não sou de acompanhar a imprensa, por a considerar um propagador de lixo muito mais que um difusor de informação como lhe compete a função e a carteira profissional de jornalista, mas às vezes cedo.
Ou não fosse eu alguém que pensou um dia ser jornalista, depois de lhe dizerem que ser escritora não tinha futuro, e que um dia experimentando, percebeu que afinal em cada jornalista há um marketeer, pois precisa de ganhar aos seus colegas de redacção para o seu artigo ser o mais destacado e o jornal aos outros jornais. Isto há 30 anos. Agora é seguramente muito pior, porque há muitos mais jornais e televisões e a luta peça sobrevivência faz, pelos vistos, valer tudo.
Primeiro a suspeita no Ocidente de haver uma pandemia na China diariamente a abrir telejornais e jornais electrónicos. Depois um caso na China. Ah, afinal era verdade! Dois casos. Dez casos. Até que a China, que andaria a esconder casos segundo a imprensa, assume epidemia e fecha as pessoas em casa, fechadinhas. Ali não há hipótese de desobediência se se quer continuar vivo.
E os jornais a bombearem os perigos, as epidemias, e lá apareceu o 1º caso fora da China. E os pedidos de declaração de pandemia. E cobriam tudo. Os chineses fechados, a pescarem em aquários, a jogas às cartas com os gatos. Não podiam sair era muito perigoso. Podia haver um número de mortes incalculável, e o pior, o que toda a gente temia, era se o contágio chegava aos países pobres.
E quando o primeiro caso chegou à Europa, nas redes sociais, as populações crédulas e medrosas, algumas quase analfabetas, mas também muitos doutores, começaram a pedir medidas idênticas: fecho de fronteiras e prendam-nos por favor, que indecência não nos prenderem!
A minha leitura é que os governantes começaram por hesitar, mas depois assustaram-se e passaram a governar pressionados pelo pavor da população, manifesta em medo, ódio, raiva petições, mas também em muita gente que aproveitou a onda para ajudar os outros.
E ninguém pensou – ou, alguém pensou? – no resto. Confinamento obrigatório, isolamento obrigatório de idosos em lares, de internados em hospitais. Hospitais quase exclusivamente dedicados à Covid 19. Actividades “não essenciais fechadas”. Crianças em casa. Encerramento de muitos espaços públicos ao ar livre.
Alguém pensou e se preocupou com o que as pessoas fechadas iam sentir? Com o que iam sentir aqueles que esperam a morte em lares, agora impedidos da parca alegria que tinham? Com os resultados para a economia e a vida futura de todos?
Entretanto a China trava a epidemia e começa a voltar ao normal. No resto do mundo e sobretudo no Ocidente os números disparam e os chineses tornam-se os grandes aliados e fornecedores de material para a Covid.
Mas a imprensa e os governos continuaram a só a falar de doentes, mortos, profissionais de saúde e #FiqueEmCasa. Que se passava no resto do mundo, em cada país para lá disto? Que andava a fazer a China além de vender material para a Covid? As bolsas a caírem, as empresas com problemas de insolvência. Como estava isto a ser resolvido?
Uns poucos chamavam a atenção para a fome que mata há muito imensa gente sem que haja mobilização governamental para a resolver, e cuja vacina é desperdiçada nos países desenvolvidos: comida. Eram apelidados pelos outros de irresponsáveis, assassinos e coisas assim.
Quanto tempo eu levei até ouvir alguém falar dos idosos isolados, esses que não me saíam da cabeça, talvez porque a minha tia querida é uma delas e eu não a posso tirar de lá porque ela tem filhos?! Quando li sobre isso num jornal finalmente o alívio deu-se e publiquei a minha opinião.
Entre outras coisas fui apelidada de doente mental.
Cada vez mais tenho ouvido falar dos idosos e hoje no encontro dos Capitães de Abril através do Zoom, a RTP passou esta mensagem de um deles: “Eu espero que não nos confinem sine dia e que me dêem a liberdade de poder correr riscos, se assim tiver que ser."
Os governos desdobram-se em apoios, como se tivessem dinheiro infinito, e a própria imprensa quer ser apoiada pois as receitas caíram consideravelmente, obviamente, com a falta de publicidade.
(Hmmm será que não conseguiram prever que o medo e o ficar fechado em casa sem comprar ou viajar ia acabar rapidamente com a sustentabilidade de uma imensa parte da população e da economia? Será que afinal a manipulação pela CS não tem interesses mais altos por trás, que são só as audiências imediatas? Só inconsciência total do que pode existir para lá do agora? Ou será o quê?)
As minhas questões, que podem ser de alguém completamente alucinado, ou de alguém que tenta ver com clareza, por entre o que lhe é mostrado, são: O que é que é isto? De onde vem isto? O que há de verdade nesta situação? A manipulação (porque mostrar só uma parte do mundo e fazê-lo em tom de suspense não é informação) tem origem definida ou é exclusivamente resultante da luta de poder político, económico e dos meios de comunicação; caótica e sem o mínimo de lógica e estratégia? Ou está tudo simplesmente, de facto, cheio de medo de morrer, como se isso não fosse a única coisa que temos garantida na vida?
Se tiver origem, de onde vem? Do Ocidente, de onde começaram a vir as pressões sobre uma eventual epidemia (que como se pode perceber nos números, quem souber fazer contas, nunca existiu: 58 contágios em 1 milhão de pessoas e 3 mortes num milhão, de epidemia não tem nada, ou o que é uma epidemia? Morreram até hoje, este ano, 19 milhões de pessoas no mundo, 203 mil com Covid 19. Hoje 25 de Abril morreram de fome 30.600 pessoas e com Covid 5.880, fonte Worldometer, aquela de onde todos os dias tiram os números do Corona Vírus. Se a Covid é uma epidemia o que é a fome? Também podem dizer que sem as restrições a pandemia poderia ter sido muito maior. Certamente. Mas de modo a justificar todas estas perdas e atropelos da dignidade humana? E não acordámos viver em "democracia", que é a arte de conviver com ideias diferentes e através de acordos? Não concordámos que não queremos que uma ou algumas pessoas decidam o que todos hão-de fazer?
Ou, continuando, a origem virá da China, que penso será o único país que está a ganhar com a situação? Mas há muita gente a ganhar com isto. Como estarão as farmacêuticas? E os grupos de saúde em geral? E o homem mais rico do mundo?
Será um trabalho de equipa multidisciplinar e trans-nacional?
E como estão as guerras? Os americanos terão dado descanso aos árabes? Israel aos Palestinianos? Como está a situação dos refugiados na Turquia? E da Isabel dos Santos, alguém sabe mais alguma coisa? Parece que foram obtidos através de hackers perto de 30 mil emails e respectivas passwords da Fundação Melinda e Bill Gates e da OMS, segundo li no Washington Post, alguém sabe algo sobre isto?
Hoje foi um dia de muitos questionamentos, de felicidade por viver no Alentejo onde quase não há pessoas, da minha terra ser de uma “vila morena”, bem branca, tal como Grândola, e de não distar muito da terra que “viu morrer Catarina”.
De qualquer forma, embora me assuste e indigne o que se está a passar, também sei que nós humanos muitas vezes (sempre?) só aprendemos a mal e só fazemos as coisas quando somos forçados.
O planeta gritava por tranquilidade, as pessoas gritavam por tranquilidade, as próprias instituições. Mas uma força brutal e insensível, completamente alheada da natureza finita do universo e da dimensão emocional das pessoas, continuava implacável a levar tudo à frente.
E ao mesmo tempo que foram surgindo notícias de pequenas vitórias no respeito pelas pessoas, diferentes opiniões e maneiras de ser, criminosos-todo-poderosos a serem descobertos; a reacção de quem tem o poder sentiu-se e tem-se vindo a assistir ao desenvolvimento de correntes contrárias, ditatoriais, a arrastarem multidões e a ganharem eleições.
Penso que chegou a hora do fim. O fim da civilização tal como a conhecemos. Mortinhos de medo, a comunicação social, os poderosos e muitas pessoas estão a resistir com todas as armas possíveis, mas não têm chance a médio, longo prazo.
O futuro está aí à frente. Poderá ser uma ditadura que nos conduzirá em pouco tempo para um fim colectivo, ou uma Era muito mais Humanista e respeitadora do universo, com um Cabo das Tormentas para atravessar até se chegar lá.
Sim, embora me revolte o que está a acontecer, por termos hipotecado a liberdade, por estarem a sofrer ainda mais os mais vulneráveis, percebo que talvez seja o caminho para uma sociedade mais justa, onde haja respeito pelas pessoas, animais e planeta; onde não haja fome, onde velhos e novos não sejam abandonados e maltratados, onde ninguém seja estuprado ou, no mínimo, onde possamos grande parte das vezes ser felizes, todos sem excepção.
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