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Estaremos hipnotizados?

Nestes tempos de estranha agitação, vou assistindo às manobras de comunicação das televisões, jornais online e do que vão passando dos políticos.

As contradições sucedem-se. Exemplos:

DGS: 1º Usar máscara não acrescenta nada. 2º É conveniente usar máscara. 3º Em locais públicos é obrigatório usar máscara.

Presidente da Assembleia da República: Não vamos mascarados para as comemorações do 25 de Abril. Poucos dias depois: É obrigatório o uso de máscara na Assembleia da República.

Mobilização geral do #FiqueEmCasa, com uns simpatiquíssimos #StayTheFuckHome.

Com o fim do Estado de Emergência as pessoas passaram a ter o “dever social de confinamento”; não podiam estar sentados nas praias, por exemplo, a menos que estivessem a pescar.

Nestes últimos dias, em simultâneo no mesmo jornal televisivo vi os apelos ao #FiqueEmCasa, vi mandarem pessoas para casa e vi o 1º Ministro e o Presidente da República passearem-se no Chiado a pedirem às pessoas para confiarem e virem para a rua.

Tudo isto feito, obviamente, com a voz colocada, o grafismo e a entoação própria para levar as pessoas ao efeito pretendido.



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Fui tele-transportada para um curso de Hipnoterapia frequentado há uns anos.

Para levar a um relaxamento profundo diziam-se coisas como: Sentes-te cada vez mais relaxada, mais tranquila, num grande bem-estar… Sentes as costas pesadas, muito pesadas, a afundarem-se na cadeira… ou talvez leves, flutuantes, como se estivesses em cima de uma nuvem.

Perguntei à professora o porquê de frases antagónicas e ela explicou que com instruções opostas o cérebro entra num género de curto-circuito e deixa de resistir.

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Também nesse curso houve uma incursão em PNL – Programação Neuro Linguística. Assustei-me. “Isto dá para manipular as pessoas e fazer delas o que se quiser”, disse. “Sim, mas a PNL só é usada com fins positivos”. Com o mau-feitio que me é conhecido, fácil será concluir que não fiquei descansada.

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Well. A minha história (porque a visão que cada um tem do mundo é sempre só a sua história e nunca a verdade absoluta, e isto aprendi nos contos Zen, nos Hindus e nas práticas budistas) é que a maioria das pessoas, ou pelo menos imensas, se deixou hipnotizar. É fácil ser-se hipnotizado, basta que se confie em alguém que use técnicas hipnóticas. Se não se confiar não há como sermos hipnotizados.

Acho normal as pessoas confiarem na imprensa, é pressuposto dizerem a verdade. Acho normal que confiem nas autoridades sanitárias, é pressuposto cuidarem da saúde dos cidadãos. Acho normal as pessoas confiarem nos governantes e nos partidos políticos, afinal são os “representantes” dos cidadãos que neles votam. Tal como acho normal as crianças acreditarem nos seus pais, no entanto todos nós vamos sabendo como há pais atrozes por aí. Outros, não tão atrozes, mas mauzinhos mesmo, não é?!

Esta é a minha história. O que temos assistido é à manipulação das pessoas através de técnicas psicológicas bem conhecidas dos líderes mundiais, dos políticos em geral e da imprensa. Aliás, a Propaganda é a técnica de comunicação dos políticos. Vejamos como a Wikipédia a define: “Propaganda é um modo específico sistemático de persuadir visando influenciar com fins ideológicos, políticos, as emoções, atitudes, opiniões ou ações do público alvo. Seu uso primário advém de contexto político, referindo-se geralmente aos esforços de persuasão patrocinados por governos e partidos políticos.” Ou seja, o que os políticos dizem visa convencer e não esclarecer. Já o jornalismo tem o objectivo é informar imparcialmente, objectivamente. 

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O que temos é uma população exaurida por um estado constante de alerta, através de excesso de trabalho, solicitações e comunicação contínua; que não descansa e logo que perdeu capacidade de reflectir e intuir.

Em 15 dias ou um mês esta estratégia deitou por terra direitos e liberdades com poucas dezenas de anos, que levaram séculos a conseguir legalmente e que com muito esforço se vinham implementando gradualmente na sociedade. 

Em 15 dias ou um mês esta estratégia devolveu-nos a um estado regido pela força, em detrimento da inteligência e do diálogo. Devolveu-nos em toda a pujança ao estado de que estávamos cada vez mais a recuperar-nos, e que é o estado que nos tem governando nos últimos milénios: a espada em vez do cálice, a força que impõe (espada) em vez do cálice que acolhe. (Livro “O Cálice e a Espada”, Riane Eisler) Um estado que não respeita nada nem ninguém, onde manda quem tem mais poder e o poder consegue-se pela força.

A minha história é a que descemos ao fundo dos fundos da nossa existência humana. Mas a minha história também diz que quando chegamos ao fundo temos a hipótese de bater com os pés e voltar à superfície, com a determinação de não voltar a ter mais do mesmo.

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