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Sobre a Depressão

Tristeza, falta de ânimo, cansaço, irritabilidade, dificuldade de concentração e tendência ao isolamento são alguns dos sintomas da depressão. À medida que se vai tornando mais grave, a tristeza e o desânimo aumentam, tal como a incapacidade de ver aspectos positivos; pode surgir uma descrença total na vida e ideias suicidas. Continuando a aumentar, a pessoa pode mesmo suicidar-se e suicida-se muitas vezes.

Tenho lido nestes dias que os deprimidos escondem a depressão. Não é essa a minha experiência (pessoal, das pessoas que tenho cuidado e do que tenho aprendido).

Vivemos numa sociedade de máscara – agora literalmente – onde a censura social é tão grande que as pessoas fingem ser quem não são. A pessoa deprimida certamente também, mas quem olha nos olhos, quem tenta ver além das palavras, quem observa com o coração, percebe que algo não está bem. Pode ver os olhos tristes, pode ver a mudança de comportamento, pode ver um discurso continuamente negativo, a falta de esperança, a menor actividade social.



O que tenho notado é que há uma tendência crescente para as pessoas não verem as outras. Sentem-se a si e pensam que a vida é dessa forma, não vão ao encontro do que se passa com o outro, logo não podem perceber aquilo que não é gritantemente visível, como seria uma perna engessada, ou um anel em volta do pescoço.

Tenho notado também que quem nunca teve depressão não valoriza o que o outro sente, pensa que está a exagerar ou a fingir.

Precisamos, na minha óptica, de olhar para o outro com olhos de O VER, em vez de olhar para o outro para lhe dizer o que quero que ele seja e faça, como me deve tratar, o que deve perceber, etc. É que quando agimos assim estamos a ver-nos só a nós. Às vezes os defeitos que vemos no outro somos na verdade nós: projectamos quem somos no outro.

Uma pessoa em depressão necessita de ajuda. Que a escutem, a puxem para a vida, a levem a passear, lhe contem anedotas, lhe dêem abraços. Não precisa de sermões, nem que lhe digam o que deve ser ou fazer. Só que a puxem de volta à vida, que lhe tentem mostrar o lado bom.


A Primavera e Verão são alturas mais propícias ao suicídio, dias grandes, e na Primavera muita instabilidade geral. Os tempos que correm são dos mais desafiantes que vivemos, logo muito propícios a estes estados, pois repare-se: Muitas pessoas estão a perder rendimentos, mas continuam a ter famílias para sustentar, casa para pagar; de repente ficam com os filhos e os pais em casa, uma pressão muito maior do que antes; ou ficam com os pais presos em lares, sem visitas; estão impedidos de dar e receber afecto livremente, o que é uma perda fundamental, pois um corpo que não é tocado tende a morrer; grande parte das distrações continua impedida; o futuro está completamente incerto. Isto traz sensações de perda e um medo enorme do futuro. Perda e medo geram depressão.

Então mais que nunca é fundamental cuidarmos de nós próprios e termos mais atenção aos outros.

A depressão, como a maior parte dos problemas de saúde, podem ser prevenidos com cuidados pessoais: alimentação, exercício físico, yoga, meditação, massagens, convívio social e Afecto. Afecto!



Uma vez surgidos indícios de depressão podemos e devemos de imediato fazer alguma coisa. E mais uma vez Exercício Físico, Dançar, fazer Massagens, Conversar com amigos, Ver filmes cómicos, Pintar. Coisas simples que não puxem pela cabeça. E sempre, sempre, Pedir Ajuda quando for preciso.

Só em casos adiantados é necessita ajuda medicamentosa, e por vezes é de facto preciso.

Há também diversas terapias cognitivas, das quais a Psicoterapia é a mais conhecida, embora de eficácia muito lenta e por vezes  duvidosa. Depende muito dos terapeutas.

A Massagem Intuitiva Holística e a Viagem ao Centro do Eu costumam dar boas ajudas. Rebirthing e Terapia segundo o método Louise Hay, são outras hipóteses. Hipnoterapia. Mas é preciso olhar com olhos profundos para cada currículo, e já no consultório para o terapeuta, pois em todo o lado há bons e maus profissionais e um mau profissional pode piorar a situação. Quando não nos sentimos bem com algum, é só deixá-lo e procurar outro.

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