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Sobre a evolução da cura

O beijinho da mãe no dódói sempre foi remédio milagroso, o abraço, rir com amigos, banhos de mar, termas, festas, romarias, procissões, chás de todas as espécies, canjinha de galinha, exercício físico…

À medida que as vacinas, os comprimidos e as intervenções cirúrgicas se tornaram negócio que enriquece algumas centenas de pessoas pelo mundo, tudo isso foi sendo abandonado. 

Até chegar o ano da graça de 2020, em que não se pode dar beijos, os sorrisos estão tapados, os banhos de mar oscilam entre o proibido e o não recomendável, não há festas, nem romarias, nem procissões e da comidinha boa não há prova científica que contribua para o sistema imunitário.


Têm demonstrado as ciências sociais a necessidade de amor, de afecto. Um bebé que não é tocado, olhado, morre; um adulto não tocado definha, o isolamento é uma das grandes causas de suicídio. 

Pesquisas recentes de investigadores ocidentais têm revelado que o toque amoroso cria um sem fim de hormonas promotoras da saúde, equilíbrio, crescimento e desenvolvimento; por isso os pais transportam os bebés junto ao peito, também por isso as massagens, por isso as pessoas que amam e são amadas se sentem mais felizes e pessoas felizes são mais saudáveis.

Então, neste ano da graça de 2020 a humanidade está a caminhar para deixar de ser humana. Está a caminhar para ser um híbrido humano-químico-tele-comandado (HQTC).

Mas nem todos os humanos estão dispostos a isso. Há os que querem ser HQTC, os que não querem ser HQTC e os que não estão para se chatear.

Seja como for, a escolha é sempre de cada um. Do somatório das escolhas e habilidade para as pôr em prática surgirá a nova vida, que não voltará a ser aquilo a que nos habituámos.




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