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Estamos por nossa conta

“O poder corrompe” terá sido um dos primeiros ensinamentos que tive na disciplina de História Económica e Social há uma catrefada de anos.

Quem quer conquistar o poder conta sempre com o povo, mas depois ignora-o. Assim tinha sido com a Revolução Francesa, as Revoluções Comunistas e todas as outras. O povo acredita sempre, mas depois quem ganha nunca deixa de se aproveitar da sua posição e ignorar em maior ou menor proporção a generalidade das pessoas.

É assim nas ditaduras, é assim nas “democracias”, assim tem sido em Portugal.

Fui daquelas que apesar disso votou sempre: o voto “do mal o menos”. Mas nos últimos anos até ganhei alguma esperança com o crescimento do PAN, em que via sinais de “compaixão” e com o Bloco de Esquerda. Tive dificuldade em escolher entre ambos nas últimas eleições. Era um renascer de esperança.



Hoje vejo que eram “as melhoras da morte”.

Todos os partidos com excepção da IL embarcaram na conversão da nossa mais ou menos democracia em ditadura, sob o pretexto da saúde. Se inicialmente isso até poderia fazer algum sentido numa sociedade que tem como base tratar a doença em vez de tratar a pessoa, hoje só não vê quem não quer, ou quem não está na plena posse das suas faculdades, que a mezinha saiu esmagadoramente pior que a doença.

Mesmo assim, Portugal (tal como outros países, não todos), continua a insistir na repressão social de toda a população, desde as crianças aos idosos, com a conivência de todos os partidos (com excepção da Iniciativa Liberal, parece-me. Corrijam-me se estiver errada, pq vejo poucas notícias e estas tb só dão o que lhes interessa).

No meio disto, deparo ontem com um artigo do Francisco Louçã no Expresso (um homem que me habituei a admirar desde jovem) a defender de forma indirecta a vacinação obrigatória.

Pergunta ele no título: “Há um direito a não se vacinar?” E logo no primeiro parágrafo responde: “A ideia de que as regras sanitárias são uma escolha individual alimentou a campanha liberal antivacinas. E agora, em plena pandemia, a recusa continua.” Portanto, as regras sanitárias não são uma escolha individual para o Francisco Louçã (Bloco de Esquerda), logo, segundo eles, ou levas vacina, ou levas.

Hoje encalho num post do PAN designado “Covid 19 e o regresso às aulas”, a dizer que as crianças do 1º ciclo devem usar máscara. Ia lá buscar a frase para a colar aqui com o texto ipsis verbis, mas retiraram-na. Não devem ter gostado das dezenas de comentários a contestarem veementemente esta posição.

E foi assim que a minha esperança utópica de que ainda poderia haver solução pelas vias normais, se foi.

“O poder corrompe”. Nós, pessoas, não temos partidos que nos defendam, que considerem as pessoas na sua globalidade, que protejam o planeta e os outros seres. Cada um defende o que lhe dá jeito em cada altura.

A forma como se posicionam os auto-intitulados anti-racistas, na minha óptica, nos tempos que correm, são mais prejudiciais que benéficos, e creio que aproveitam isso como um fait divers para afastar a atenção do que não querem que seja visto. O mesmo com o Covid. O mesmo em muitas situações com os animais.

Há uma morte ou um espancamento de um negro, há manifestações no país. Há a chacina de animais, há manifestações no país. Há o abandono e a morte por negligência dos idosos nos lares e nas suas casas; há o abandono de doentes nos hospitais; há o abandono de pessoas sem recursos, de crianças, etc., faz-se o quê?

A minha conclusão hoje é: estamos por nossa conta. Dos partidos políticos e do Estado só podemos contar com roubo, repressão, violação, abandono e promessas. Foi a condução mundial política e económica que nos trouxe até aqui, não é ela que nos vai salvar.

Perguntas que se me afiguram colocar: O que é que eu posso fazer? O que é que vou fazer? Colectivamente fazer o quê? Com quem? Onde? Como? Com que objectivos?

O meu objectivo é claro. Tornar o mundo um local sustentável, onde as pessoas possam viver em inteireza e liberdade, e onde haja o respeito por toda a vida: animal, vegetação, humana.

Será possível?

Tenho ainda a opção de uma das orientações espirituais que sigo e que tem sido a minha grande sustentação, o Budismo. Diz o Budismo que a vida é sofrimento, mas que há uma forma de acabar com o sofrimento e essa é parar de renascer. Bom, algo que não se consegue de um dia para o outro e que eu confesso não tenho praticado. Mas estes tempos remetem-me muito para aí. Mas a minha atenção apressa-se a fugir. Tal como se apressava a fugir da ideia: não há solução através do sistema de partidos, e hoje percebo que era pura negação.

Portando, para o Budismo é fácil: não há solução na vida terrena, vamos concentrar-nos na solução que é o fim do ciclo de renascimentos.

E eu, por onde vou? Insisto em encontrar soluções na terra, ou trato de pensar em desaterrar?

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